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domingo, 16 de dezembro de 2012

O que acontece na mente de um Gamer


Imagine que desse para você escolher entre dois médicos para uma cirurgia. O primeiro é um homem tranqüilo, que gosta de livros e de fazer esportes nas horas vagas. O outro é um jovem com mais horas de videogame que de UTI. Qual você chamaria para abrir o seu corpo?


Talvez a melhor escolha não seja a mais óbvia. Por dois meses em 2002, 33 cirurgiões do Centro Médico Beth Israel, em Nova York, jogaram videogame nos intervalos das laparoscopias – cirurgias de abdômen em que um cabo de fibra ótica entra pelo umbigo e é operado remotamente com um mouse. Os 9 médicos que já tinham o hábito de jogar videogame ao menos 3 horas por dia eram 27% mais rápidos e cometiam 37% menos erros do que os colegas menos nerds. Um grupo que não estava acostumado aos joysticks começou a praticar os games Super Monkey Ball 2, Silent Scope e Star Wars: Racer Revenge (jogos que pedem doses cavalares de concentração e agilidade). Resultado: a rapidez com que operam seus equipamentos melhorou em 37%. Alguma coisa aconteceu com o cérebro desses médicos: ficar poucas horas jogando aumentou a habilidade deles. Exemplos assim se repetem. Há dois anos, a neurocientista Daphne Bavelier, da Universidade de Rochester, fez testes em 3 grupos de universitários. Um deles jogou o game de estratégia Medal of Honor por 10 dias, o segundo brincou com algo bem mais simples, Tetris, e um terceiro não fez nada. Todos foram submetidos a testes de agilidade motora e percepção visual e espacial. A turma do Medal of Honor se saiu melhor.

E não estamos falando só de games. Tudo indica que a própria cultura pop de hoje está mudando a nossa mente. Há indícios de que assistir a seriados com tramas complexas, como 24 Horas e Lost, desenvolve noções de inteligência social, e de que passar horas na internet aumenta a capacidade de se relacionar – inclusive fora do mundo virtual. “Uma das razões para a espécie humana ser tão bem-sucedida é a adaptabilidade do nosso cérebro. Todas as ferramentas que usamos, do fogo aos microscópios, influenciam as conexões entre os neurônios. Mas nunca existiram tantos estímulos, para tantas pessoas”, diz o químico britânico Martin Westwell, do Instituto pelo Futuro da Mente, da Universidade de Oxford. Vamos entender melhor como esse turbilhão de novos estímulos mexe com a nossa cabeça. Para começar, precisamos responder uma pergunta: o que é que os videogames têm de tão especial?

Fonte: Super Interessante

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